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Um dos aliados mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin, alertou a Otan nesta quinta-feira, 14, que, se a Suécia e a Finlândia aderirem à aliança militar liderada pelos Estados Unidos, a Rússia terá que reforçar suas defesas na região, inclusive com a implantação de armas nucleares no Mar Báltico.A ameaça veio um dia depois que as autoridades finlandesas sugeriram que o país poderia solicitar a adesão à aliança militar de 30 membros dentro de semanas e a Suécia ponderava fazer um movimento semelhante. Tanto Helsinque quanto Estocolmo são oficialmente não-alinhados militarmente, mas estão reconsiderando seu status à luz da invasão da Ucrânia pela Rússia – provocando crescentes alertas da Rússia.

Dmitri Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que se a Suécia e a Finlândia aderirem à Otan, a Rússia terá que fortalecer suas forças terrestres, navais e aéreas no Mar Báltico.

Medvedev também levantou explicitamente a ameaça nuclear ao dizer que não se pode mais falar de um Báltico “livre de armas nucleares” – onde a Rússia tem seu enclave de Kaliningrado entre a Polônia e a Lituânia.

“Não se pode mais falar de nenhum status livre de armas nucleares para o Báltico – o equilíbrio deve ser restaurado”, disse Medvedev, que foi presidente de 2008 a 2012.

“Até hoje, a Rússia não tomou tais medidas e não iria”, disse Medvedev. “Tome nota que não fomos nós que propusemos isso”, acrescentou.

A Lituânia disse que as ameaças da Rússia não eram novidade e que Moscou havia implantado armas nucleares em Kaliningrado muito antes da guerra na Ucrânia.

A possível adesão da Finlândia e da Suécia à aliança militar – fundada em 1949 para fornecer segurança coletiva ocidental contra a União Soviética – seria uma das maiores consequências estratégicas europeias da guerra na Ucrânia.

O ataque da Rússia levou a uma mudança acentuada no sentimento público sobre a adesão à Otan na Finlândia e na Suécia. Medvedev, sem citar evidências, atribuiu a mudança aos “esforços de propagandistas locais”.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg , disse a repórteres em Bruxelas na semana passada que os dois países atendem aos padrões da Otan para “controle político, democrático e civil sobre as instituições de segurança e as forças armadas”.

Se a Finlândia se juntar à Otan, a fronteira terrestre da Rússia com os membros da aliança mais do que duplicaria.

A Finlândia conquistou a independência da Rússia em 1917 e travou duas guerras contra ela durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual perdeu algum território para Moscou. Na quinta-feira, a Finlândia anunciou um exercício militar na Finlândia Ocidental com a participação de forças do Reino Unido, Estados Unidos, Letônia e Estônia.

A Suécia não luta uma guerra há 200 anos e a política externa do pós-guerra se concentrou em apoiar a democracia internacionalmente, o diálogo multilateral e o desarmamento nuclear.

Estadão