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Uma adolescente ianomâmi, de 12 anos, morreu após ser estuprada por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na região de Waikás. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirmou ao GLOBO que além da morte da menina violentada, uma outra criança, de três anos, está desaparecida após ter sido jogada de um barco no rio Uraricoera com sua mãe, durante tentativa de sequestro. A mulher de 28 anos sobreviveu, mas o filho teria se afogado.

— Os garimpeiros invadiram a comunidade levaram uma mulher e uma adolescente, de 12 anos de idade. Os garimpeiros violentaram e ocasionou o óbito. O corpo da adolescente ainda está na comunidade e vamos fazer um voo agora para trazê-la ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer os exames e constatar se ela foi abusada. A mulher tinha 28 anos e estava com uma criança de colo, que teria morrido afogada no rio — afirmou Hekurari.


Ainda de acordo com Hekurari, a Polícia Federal e o Exército foram informados do crime na noite desta segunda-feira. Junior disse que só está esperando o tempo melhorar para voar até a região, junto com um representante do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI). O procurador do Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR), Alisson Marugal, disse que está à espera de novas informações para agir no caso.

— Vamos aguardar o resultado da diligência lá na região. Mas certamente o MPF vai se inteirar dos fatos para tomar providências, se tivermos todas essas confirmações. A apuração cabe à Polícia Federal e nós, como Ministério Público, vamos dar total apoio — afirmou.

Em nota, o Condis-YY diz que o o “Governo Federal está sendo negligente e continua a permitir que grupos criminosos e milícias prejudiquem os Povos da floresta”.

“Solicitamos que sejam tomadas as medidas pertinentes em conformidade com as normas em vigor quanto ao ocorrido, e que a lamentável situação deve ser apurada e solucionada”, diz o documento.

Procurada, a Funai diz que acompanha o caso em articulação com forças de segurança.

“A Funai realiza atividades permanentes na região por meio das suas Bases de Proteção Etnoambiental (Bapes) localizadas na Terra Indígena Yanomami. A área conta com as Bapes Serra da Estrutura, Walo Pali, Xexena e Ajarani”, diz a fundação, em nota.

O Globo