Investigação indica que elas se passavam pelas mães das mulheres que enviavam fotos íntimas para as vítimas. Elas faziam acusações de pedofilia e, para não denunciar os casos, exigiam dinheiro.

A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (23), três mulheres suspeitas de envolvimento em um esquema conhecido como "golpe dos nudes" no Rio Grande do Sul. Duas foram presas em casa no município de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e a terceira em Farroupilha, na Serra, também em casa. As identidades delas não foram divulgadas pela polícia.
De acordo com a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações (DRCID), foram cumpridos três mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão nas cidades de Novo Hamburgo, Montenegro, Farroupilha e Caxias do Sul. Foram apreendidos celulares, um veículo e dinheiro.

O delegado André Anicet, responsável pela investigação, explica que as três presas são suspeitas de produzir vídeos para extorquir as vítimas. Neles, elas se passavam pelas mães das mulheres, supostamente menores de idade, que aparecem nas fotos íntimas enviadas pelos estelionatários às vítimas.

"Uma delas aparece em um ambiente montado como se fosse uma delegacia dizendo que a filha dela, menor de idade, tinha sido vítima de pedofilia. Ela exige que a autoridade policial tome uma providência. Para que desista de dar andamento à ocorrência, demanda dinheiro", explica o delegado Anicet.
Até agora, três ocorrências foram registradas na delegacia por vítimas dos estelionatários. Uma delas sofreu um prejuízo de R$ 40 mil.

As três presas estavam, até 10h20 desta terça-feira, na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em Porto Alegre. Ainda não havia definição quanto a qual casa prisional elas seriam encaminhadas.

O golpe
Anicet conta que os estelionatários entram em contato com as vítimas via redes sociais. Geralmente, se passam por mulheres jovens, se identificando como maiores de 18 anos, buscando contato com homens mais velhos.

Após algum tempo de conversa, o golpista envia imagens íntimas à vítima. Eventualmente, a vítima começa a receber ligações de supostos pais da mulher e de falsos policiais civis que fazem acusações de pedofilia, já que a pessoa das imagens íntimas seria, na verdade, uma criança ou uma adolescente. Para que o caso não seja denunciado pelos pais ou investigado pela polícia, o estelionatário exige dinheiro.

"Os criminosos, utilizando de diversos meios para ludibriar as vítimas e extorqui-las, fazem vídeos de supostas mães das vítimas do crime de pedofilia, simulam delegacias de polícia com a utilização de insígnias, banners, carteiras funcionais falsas, criam falsos mandados de prisão, habilitam celulares com o aplicativo whatsapp com a imagem, principalmente de policiais", relata Anicet.

Para a Polícia Civil, a soma de todos esses fatores faz com que as vítimas acreditem que estão falando com policiais ou com os pais da mulher. Para se livrar da responsabilidade criminal, pagam aos golpistas. No entanto, mesmo após os pagamentos, as extorsões continuam.

Como denunciar

A Polícia Civil destaca que nenhum policial liga ou manda mensagens para a exigência de qualquer tipo de valor, para negociar cumprimento de mandados ou deixar de cumprir mandados de prisão. Caso esse tipo de situação aconteça, é orientado que seja feito o registro de um boletim de ocorrência em uma delegacia.

Fonte: G1
Foto: Reprodução