“Esperamos que o secretário Cipriano Maia se sensibilize, peça demissão e entregue a secretaria de Saúde. Ele não tem competência para estar à frente. Há muito tempo que esse homem era para ser demitido. Ele não tem coração”. Essa foi a proposta do deputado estadual Nélter Queiroz (MDB), sugerindo a governadora Fátima Bezerra (PT), que se quiser resolver a crise enfrentada atualmente na saúde pública do Estado, deve demitir o secretário Cipriano Maia, que está à frente da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap).
Em entrevista concedida ao Jornal Agora RN, nesta quinta-feira (11), o deputado Nélter Queiroz afirmou: “Desde o primeiro ano da governadora Fátima Bezerra, que no final do primeiro ano da gestão dela, eu fiz uma fala, pedindo a governadora que demitisse o secretário no final do primeiro ano de 2019, pelo desastre, pela falta de competência, pela sua falta de determinação e pela falta de humanidade”. E prosseguiu: “Ele não tem coração. Ele vê a situação do quadro e simplesmente se faz de doido, me parece. Então é lamentável que o Estado esteja nessa situação, porque a minha visão é de que piorou mês a mês, ano a ano. Se vinha ruim nos governos passados, nesse atual governo, piorou”, enfatizou.
Segundo o deputado, a situação da saúde pública é “caótica” e precisa de “intervenção” urgente da Assembleia Legislativa, Ministério Público e do governo federal: “A Assembleia não pode ficar olhando o povo morrendo à míngua, como o caso do José Willams da Rocha, que morreu na porta do hospital, pedindo socorro, enfartando. O governo federal mandou muito dinheiro na pandemia, e ninguém sabe para onde foi esse dinheiro. Houve uma operação da Polícia Federal, foi demitida a secretária-adjunta [Maura Sobreira], engavetaram debaixo dos tapetes. A governadora pegou esse dinheiro que veio do Covid-19, contratou as empresas de outros Estados, dispensando licitação. O dinheiro sumiu, desapareceu e o povo morrendo à míngua, fora o povo que não morreu, porque foi feita cirurgia particular”, enfatizou.
O deputado Nelter Queiroz classificou a saúde pública como sendo desastrosa: “É um Desastre. O povo reze para não adoecer. Tem muita gente que vendeu uma casa, fez empréstimo, se desfez de algum patrimônio para fazer uma cirurgia particular, muita gente. Nós temos 2,5 milhões de pessoas esperando cirurgia eletiva, é uma coisa que passou do limite”, explicou.
Sindicado dos médicos do RN
O Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), emitiu uma nota se posicionando a respeito da crise na saúde pública do Estado.
Na nota, o sindicato dos médicos afirma que “assiste” há tempos uma “degradação” continuada dos serviços na área de saúde do RN. A “deterioração” vem da estrutura das Unidades de Saúde “antigas” e “sucateadas”, agravada pelo fechamento de hospitais, como o Ruy Pereira em Natal e o Dr. Getúlio Sales em Canguaretama, da negativa dos gestores de fazer concursos, piorada com a contratação de empresas terceirizadas sem médicos e sem experiência na prestação de serviços, e de uma gestão errática sem calendário de pagamentos a prestadores de serviços e fornecedores.
Segundo a nota, filas de pacientes se “acumulam” na espera e cirurgias são “canceladas” pelos hospitais privados e filantrópicos complementares por “falta de pagamento”. Os pacientes se acumulam nos corredores, superlotando os hospitais públicos.
De acordo com o texto da nota, o “drama” da saúde pública estadual adquiriu contornos mais alarmantes no último final de semana, com um vídeo, publicado nas redes sociais por familiares de um paciente que procurou socorro no maior hospital do Estado e, como a porta é referenciada para trauma, não conseguiu ser atendido, sendo orientado a procurar uma UPA. A família encontrou o vídeo no telefone do paciente, quando já era “tarde demais” e o paciente tinha “falecido”. Agora RN