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Me disse um ex-gestor municipal do Agreste que, para muitos, “estar prefeito é muito bom, é um presente dos céus, porém, passar a ser ex-prefeito é terrível, é um sofrimento que parece não acabar mais”.

É comum e faz parte da cultura municipal, prefeitos sentirem a sensação de que tudo pode ser feito conforme a vontade do mandatário, a facilidade do momento vicia e é aí onde começa a construção de um martírio para quase a vida toda. O excesso de confiança e a facilidade para resolver as situações levam muitos gestores ao conforto administrativo com consequências futuras.

Cercados de assessores de todos os tipos, todos os problemas que aparecem ao longo do mandato são solucionados sem maiores problemas, tudo é muito fácil, todo mundo tem solução para tudo, porém, quando o mandato cessa e essas decisões passam por análises dos órgãos fiscalizadores como o Ministério Público, controladorias e tribunais de contas, começa uma peregrinação nos consultórios jurídicos e tribunais de justiça que parece não ter fim. Quando o sujeito perde o status de líder político, é apagado da vida pública, ficando inelegível, a situação é mais triste ainda, vem a sensação de impotência somado ao abandono, é sofrimento em larga escala.

A vida após o mandato, para muitos é amarga, é seca, muitas vezes esvazia o estoque de lágrimas, espanca a alma e sangra o coração. É terrível.

Na condição de jornalista político, tenho acompanhado a ascensão e queda de popularidade de inúmeras figuras políticas, e percebo que os mandatários ordenadores de despesas são os que mais sofrem com o declínio de popularidade, porque são esses os que têm contas a acertar.

Os políticos que apenas “representam” a massa popular, sem o poder de ordenar despesas, (senadores, deputados, vereadores) esses envelhecem mais tranquilos, ficam famosos, muitos enriquecem subitamente e constroem histórias que serão contadas aos netos.


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