Foto.Magnus Nascimento

A educação foi um dos segmentos mais afetados com a pandemia de coronavírus e está começando a retomar suas atividades presenciais, ao passo que busca recuperar o “tempo perdido” com 18 meses no cenário pandêmico. Entre educadores e estudantes, é consenso que o ensino remoto e aulas não presenciais não têm o mesmo impacto das atividades de antes.No Rio Grande do Norte, especialistas dizem não ter um “prazo” de quanto tempo a situação irá se equalizar. A Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC/RN), estima de 5 a 10 anos para que essa situação venha a se normalizar, mas o prazo pode ser maior.

Retorno das aulas presenciais no RN foi iniciado, de forma gradual, no dia 26 de julho. Autorização para que as salas sejam ocupadas em 100% foi dada no último dia 04 de outubro

“Não temos um estudo específico da SEEC, mas nos baseamos em estudos nacionais e internacionais e costumo dizer para o pessoal que esse período não foi perdido, mas foi comprometido. Trabalhamos em tentar avançar e tentar desmentir o que as pesquisas apontam, que com esse prazo, que eu planejava que seria fevereiro, só teríamos uma perda de 5 anos. Com esse percurso, a média internacional será de 8 a 10 anos para a recuperação desse mesmo processo”, diz Getúlio Marques.

Apesar do “tempo perdido”, ainda não está na perspectiva da SEEC, a princípio, o acréscimo do número de aulas na rede. A principal medida para recuperar os alunos é a chamada busca ativa, que consiste em orientações pedagógicas para que os professores e gestores escolares possam identificar os motivos os quais aquele aluno não está indo para a escola.

Outros pontos também norteiam os planos da SEEC para recuperar os alunos. Um deles é um contrato que está sendo feito para que 40 municípios em situação de vulnerabilidade cibernética possam ter acesso à internet banda larga. A expectativa é que nas áreas rurais, espaços mais carentes de sinal, que a tecnologia via rádio seja implantada nas escolas desses espaços, podendo atingir raios de até 15km, propiciando que o estudante consiga acessar a internet por meio de modens.

Da rede estadual, segundo dados da SEEC, dos cerca de 222 mil alunos matriculados até o final de abril de 2021, cerca de 30 mil deles não acessaram a plataforma do Sistema Integrado de Gestão de Educação (Sigeduc) em nenhum momento, aliado ao fato de que outros 20 mil deles acessaram “menos que a média”, segundo Getúlio Ferreira Marques. As causas para isso, segundo ele, é o fato de que muitos municípios não possuem banda larga, além de que muitos estudantes e famílias não possuem acesso a ferramentas tecnológicas.

“Não significa que eles não fizeram nada. Consideramos que esse grupo dos 20 mil precisam de apoio tecnológico. Em média, digo que de 20 a 25% dos alunos da rede vão precisar desse tipo de apoio”, acrescenta.

Do ponto de vista tecnológico, visto pelo secretário como algo que ficará pós pandemia, é a criação de um Centro de Mídias, um espaço interligado entre todas as Diretorias de Educação para unir aulas ao vivo ou gravadas por parte dos professores da rede.

Outra das apostas da SEEC para o futuro é o ensino profissionalizante. Atualmente, são 11 Centros Estaduais de Educação Profissional (CEEPs), sendo quatro deles em Natal e 54 escolas de Ensino Médio que oferecem o ensino técnico. Os Institutos Estaduais de Educação Profissional, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte (IERN), que serão 12, visam recuperar o “significado” do Ensino Médio.

Retorno presencial

O retorno presencial às aulas nas escolas estaduais do Rio Grande do Norte está acontecendo de forma gradual desde o dia 26 de julho, após um longo processo de discussão com os professores, que chegaram a ameaçar greve e cobrar imunização completa para retorno presencial das atividades.

No último dia 04 de outubro, todas as escolas do Estado, públicas ou privadas, foram autorizadas a ter a presença de 100% dos estudantes. De acordo com a SEEC, um grupo de 30 unidades ainda não retornaram as aulas presenciais, afetando cerca de 6 mil estudantes, em virtude de reformas e adequações.

Em Natal, as aulas voltaram no dia 14 de julho, com crianças das turmas da pré-escola. Das 146 unidades de ensino da capital, entre Centros Municipais de Ensino Infantil e escolas do ensino fundamental, 28 delas ainda não retornaram as atividades, em virtude de problemas estruturais.

Dificuldades

Adaptar-se a uma nova realidade de ensino e aprendizagem não foi uma tarefa simples para estudantes potiguares. Ao passo em que muitos citam a dificuldade de foco e concentração como principais questões que atrapalharam a adaptação do ensino remoto, muitos sequer possuíam celulares ou equipamentos eletrônicos para acompanhar as aulas.

Além disso, a falta da presença do professor no dia-a-dia desestimulou muitos estudantes, conforme cita o secretário Getúlio Marques.

Por Ícaro Carvalho/Tribuna do Norte