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O motorista de aplicativo José Adriano de Sousa Lima (foto em destaque), de 45 anos, está há mais de um mês preso injustamente, segundo a família, em uma penitenciária de Juiz de Fora, em Minas Gerais, após policiais encontrarem drogas em malas de uma passageira durante uma corrida, no dia 16 de junho. Parentes relatam viver um “filme de terror” com a situação.O advogado da passageira alegou ao Metrópoles que ela já inocentou o motorista durante a audiência de custódia (leia mais abaixo), mas a defesa do motorista nega*.

José Adriano aceitou, via aplicativo de transporte, realizar a corrida do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, até a cidade de São Tiago, no interior de Minas Gerais, a 196 quilômetros ao sudoeste da capital mineira, Belo Horizonte.

Ao chegarem em Juiz de Fora (MG), no entanto, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizaram o carro e encontraram cerca de 4 kg de cocaína e maconha em duas mochilas que estavam com a passageira, identificada como Tairiny Cristini Duarte Custódio, de 26 anos.

O Metrópoles teve acesso à íntegra do auto de prisão em flagrante delito. Foram achados 267 buchas de maconha, 329 pinos de cocaína e 202 frascos dessa mesma droga.

A “dupla” foi presa e levada para a delegacia. “Foi feita uma audiência de custódia, e a juíza plantonista manteve a prisão”, relata, ao Metrópoles, a advogada criminalista Carla Bejani, que defende o motorista de aplicativo.

“Depois disso, entramos com um pedido de revogação dessa prisão, mas o juiz Edir Guerson de Medeiros teve a mesma posição da juíza plantonista. Mediante isso, entramos na semana passada com um habeas corpus, que também teve a liminar negada”, complementa Bejani.

O juiz salientou que a liberdade aos presos em flagrante por delitos desta natureza “coloca em risco a própria objetividade jurídica que o legislador quis tutelar na norma de proibição, gerando não apenas a intranquilidade pública, mas também o sentimento de impunidade”.

Filha de José Adriano, a contadora Lorena Zampolli, 23, foi às redes sociais, na terça-feira (20/7), expor o caso. Ela contou estar vivendo um filme de terror e narrou que o pai não sabia que a passageira estava com drogas nas mochilas.

Lorena também critica o aplicativo 99 Pop, que, segundo ela, não colaborou, nem prestou qualquer apoio jurídico ao motorista.

“É um sentimento de indignação. Eu já sabia que a Justiça no Brasil é lenta, precária, mas não sabia que é tão absurda desse jeito que estou presenciando. Além, é claro, de toda a humilhação que ele está passando na prisão. A gente sabe que os presídios no Brasil são precários. Sem contar o risco de pegar Covid-19”, relatou, em conversa com o Metrópoles.



“O carro, que é meu, foi apreendido e está dentro do pátio. Nem isso eu consigo fazer, a retirada. Além de toda a humilhação, temos também inúmeros prejuízos financeiros”, prosseguiu, no Twitter.

A 99 Pop foi procurada para se manifestar, mas, até a última atualização desta reportagem, disse apenas que está realizado um levantamento para apurar se a corrida realmente foi realizada no aplicativo. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Ao Metrópoles, o advogado Ulisses Sanches da Gama, que defende Tairiny Cristini, disse que a cliente já inocentou o motorista de aplicativo durante audiência de custódia.

“Segundo ela [Tairiny], um parente estaria devendo traficantes de uma favela no Rio. Ela foi coagida a realizar o transporte, pois somente assim seu ente não sofreria represálias”, relatou o advogado, ao acrescentar que ainda não há defesa de mérito.

A versão apresentada pelo advogado, porém, difere da relatada por Tairiny aos agentes da PRF, durante o flagrante.

Segundo o boletim de ocorrência (BO), a mulher apontou José Adriano como o proprietário das drogas e alegou ter solicitado uma corrida no aplicativo “para fazer um programa sexual com uma pessoa de nome Gustavo”, em São Tiago. Ulisses disse que a PRF colocou qualquer coisa no BO. “É mentira”, afirmou.

Metrópoles