23/05/2021 12h25
Foto: Shane/Unsplash

Pesquisadores da organização médica norte-americana Mayo Clinic avaliaram 100 pacientes com síndrome pós-Covid-19 (PCS) e notaram que eles apresentaram sintomas como transtornos de humor, fadiga e comprometimento cognitivo, ao serem acompanhados 93 dias após terem sido infectados pelo coronavírus, o Sars-CoV-2.A pesquisa foi publicada no jornal Mayo Clinic Proceedings, em 11 de maio. O estudo aponta que os problemas de saúde prolongados enfrentados pelos participantes afetaram a retomada deles às atividades rotineiras e de trabalho.

Os pacientes, acompanhados entre 1 de junho a 31 de dezembro de 2020, tinham em média 45 anos e 68% eram mulheres. Todos faziam parte do programa Covid-19 Activity Rehabilitation (CARP), da Mayo Clinic, que avalia e trata pessoas especificamente com a síndrome pós-Covid-19.

A maioria dos participantes não tinha comorbidades preexistentes e nenhum deles precisou de hospitalização devido a sintomas relacionados à Covid-19. No estudo, 80% deles relataram ter tido fadiga incomum, enquanto 59% disse ter apresentado queixas respiratórias – praticamente a mesma porcentagem de queixas neurológicas.

Além disso, mais de um terço dos pacientes relatou dificuldades para realizar atividades rotineiras básicas e apenas 1 em cada 3 indivíduos retornou ao trabalho sem restrições. Muitos não puderam retomar sua vida profissional depois de pelo menos alguns meses.

“A maioria dos pacientes apresentou resultados de exames laboratoriais e de imagem normais ou não diagnósticos, apesar de apresentarem sintomas debilitantes”, conta Greg Vanichkachorn, diretor médico do programa da Mayo Clinic e líder do estudo, em comunicado. “Esse é um dos desafios de diagnosticar a PCS em tempo hábil e, então, responder com eficácia.”

Vanichkachorn informa ainda que a maior parte dos pacientes foi tão afetada pelos sintomas que precisou de fisioterapia, terapia ocupacional ou reabilitação cerebral. Além do mais, mais da metade teve problemas de pensamento, conhecidos como “névoa do cérebro” (brain fog, em inglês).


“À medida que a pandemia continua, esperamos ver mais pacientes com sintomas muito depois da infecção, e os profissionais de saúde precisam se preparar para isso, saber o que procurar e saber como atender da melhor forma as necessidades dos pacientes”, diz Vanichkachorn.

A Mayo Clinic está atualmente conduzindo outras pesquisas sobre a PCS, para avaliar a condição em diferentes grupos socioeconômicos e etnias. O programa focado nessa questão foi criado em junho de 2020 para tratar sintomas persistentes em pacientes após a infecção por Covid-19.


Galileu