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A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório americano Moderna criou anticorpos neutralizantes em quantidades consideradas elevadas para a faixa etária acima de 56 anos. As informações, divulgadas nesta terça-feira por pesquisadores na revista especializada News England Journal of Medicine, mostraram também que o imunizante em desenvolvimento gerou sintomas toleráveis nos participantes dos testes durante as fases 1 e 2.De acordo com a publicação, foram ministradas duas doses do imunizante em cada indivíduo. A vacina da Moderna consiste em usar um segmento de RNA, material genético do vírus, que dentro do organismo humano promove a produção de uma proteína do vírus que funciona como “antígeno”, a molécula que faz o sistem imune reconhecer o patógeno.

O estudo, voltado para idosos, teve a participação de 40 pessoas divididas em duas faixas etárias: de 56 a 70 anos e acima de 71 anos. O resultado foi a produção de anticorpos neutralizantes em quantidades elevadas. Segundo os dados, participantes com mais de 71 anos apresentaram resposta neutralizante ainda maior do que o grupo situado entre 56 e 70 anos.

Entre os efeitos colaterais mencionados estão fadiga, calafrios e dores de cabeça e no local da injeção. Os mais graves foram febre e cansaço, este último reportado no grupo acima de 71 anos. Devido às reações adversas, durante a fase 3 de testes, a Moderna optou por ministrar 50 microgramas do composto divididas em duas doses em um intervalo de quatro semanas.

— Vacinas como a da Sinovac, testada aqui em São Paulo, são produzidas com o vírus inativados, e costumam ser menos imunogênicas para pessoas acima de 50 anos. Este teste foi realizado justamente para verificar como a vacina da Moderna vai se sair nessa faixa etária. E os estudos mostraram que o grupo entre 56 e 70 anos teve resposta similar à dos grupos mais jovens, entre 18 e 56 anos, testados anteriormente. E que acima de 70 anos foi ainda maior a quantidade de anticorpos neutralizantes produzidos — destaca Jorge Kalil, professor titular de Imunologia Clínica e Alergia da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Para Kalil, que faz parte do grupo independente de especialistas que audita o estudo, chama a atenção o fato dos testes terem sido realizados com um grupo reduzido de participantes:

— É um estudo bem realizado, porém, pequeno, com quatro grupos de 10 pessoas, todos brancos, sem nergos ou latinos. A gente não sabe, mas pode ser que tenha diferença entre os indivíduos.

Em julho, o então ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou que o Brasil seguia em negociações com a Moderna para uma possível compra com prioridade da candidata a vacina desenvolvida pela empresa contra a Covid-19.

O Globo