O Ministro das Comunicações há menos de dois meses, Fábio Faria (PSD-RN), 42 anos, está articulando uma aproximação entre o presidente Jair Bolsonaro e a família Marinho, dona da TV Globo.Faria se encontrou reservadamente há dez dias com João Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo. Segundo fontes em Brasília, a conversa foi além das pautas do setor de radiodifusão e teve um tom de aproximação e pacificação.

Na semana passada, a nomeação de Maximiliano Martinhão para a secretaria de Radiodifusão foi vista como atendimento a uma demanda da Globo.

Martinhão é funcionário público de carreira da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e foi secretário de Telecomunicações no governo Dilma Rousseff (PT).

Executivos da Globo negam que a nomeação tenha sido discutida no encontro entre João Roberto Marinho e Fábio Faria, mas a aprovam.

Martinhão é um “técnico” que conhece as dores do setor. Sua indicação foi bancada pelo ex-ministro Gilberto Kassab, também do PSD.

O setor de radiodifusão espera de Martinhão e Fábio Faria mudanças na legislação que promovam isonomia na disputa de mercado, sobretudo com as empresas de internet, como Netflix, Amazon e Spotify, que levam vantagem fiscal (pagam menos impostos).

Mas a principal bandeira dos donos de veículos de comunicação tradicionais no país agora é a abertura do setor ao capital estrangeiro. Hoje, o investimento estrangeiro é limitado a 30% do capital das empresas de radiodifusão, jornais e revistas.

A Globo defende a iniciativa do deputado Eli Corrêa Filho de apresentar ao Congresso um proposta de emenda à Constituição permitindo até 100% de capital estrangeiro na TV. SBT, Band e RedeTV! também querem a mudança na legislação.

UOL