A pandemia do novo coronavírus escancarou as fragilidades de um Brasil desigual e injusto. Entre inúmeras tragédias, a doença feriu de morte a memória dos povos originários. Mitos, línguas e a história indígena passaram a sangrar por rodovias e rios, após os modais de transporte se transformarem em vetores de um vírus que é ainda mais letal aos anciãos.De caminhão ou de barco, a covid-19 infecta etnias do Sul ao Norte, passando pelo Centro-Oeste e Nordeste. Em questão de dias, o novo coronavírus mata os mais velhos. Extingue bibliotecas vivas, receptáculos de culturas milenares, enquanto a carga puxada pela boleia ou embarcação, essencial para o desenvolvimento do país, segue em frente estrada acima, rio abaixo.

Até ontem, levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) contabilizava 652 indígenas mortos e ao menos 23.453 infectados pelo coronavírus.

Do Correio Braziliense