Foto: Gustavo Andrade/Divulgação Líder Aviação

Milionários e bilionários estão tendo dificuldades em encontrar jatinhos disponíveis para compra no Brasil. A demanda por aviões particulares cresceu tanto nos últimos meses que os interessados precisam aguardar em filas de espera que podem durar anos.A explicação para o aquecimento desse mercado vem da pandemia. Segundo empresas do setor, a crise sanitária fez explodir o interesse pela aviação executiva entre os super-ricos, que desejavam seguir com suas rotinas de viagens sem se submeter ao risco de contaminação.

O problema é que a oferta não acompanhou o boom da demanda. A recente disrupção das cadeias de suprimentos globais comprometeu a produção e manutenção de aeronaves pela falta de componentes essenciais, e fez com que uma parte do transporte marítimo migrasse para os aeroportos —retirando jatos do mercado executivo.

Diante da escassez, os milionários passaram a disputar cada jatinho colocado à venda. Não só no Brasil, mas no mundo todo.

Bruna Strambi, diretora da Líder, uma das maiores empresas de aviação executiva do país, diz que a alta demanda é um fenômeno global, que afeta tanto a compra de aeronaves quanto os serviços de fretamento, propriedade compartilhada e terceirização.

A companhia é representante exclusiva do Hondajet, modelo fabricado pela Honda que custa cerca de US$ 6 milhões (R$ 27,8 milhões). De acordo com Strambi, para adquirir um novo é preciso enfrentar uma longa fila de espera, com entregas a partir de 2025.

Anderson Markiewicz, diretor de vendas da Líder, trabalha há 32 anos no setor de aviação e diz nunca ter visto um cenário tão aquecido quanto agora.

A procura é tão grande que até o mercado de seminovos inflacionou. Segundo ele, algumas aeronaves com um ou dois anos de idade chegam a ter preço maior do que uma de fábrica, pois os clientes não querem aguardar para levar uma zero-quilômetro.

“Antes da Covid, o tempo que demorava entre o anúncio de uma aeronave [usada] e a venda era da ordem de vários meses, às vezes mais de um ano. Hoje, se alguém anuncia agora, já vende amanhã. É questão de horas, uma coisa impressionante”, afirma.

Um levantamento de 2021 feito pela consultoria Wealth-X mostrou que o Brasil é o segundo país com mais donos de aviões particulares no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. O ranking tem o Canadá em terceiro lugar, seguido de México e Alemanha.

Atualmente, o Brasil tem mais 16 mil aeronaves privadas, o que inclui jatinhos, aviões, turboélices e helicópteros. Considerando só os jatos, a frota aumentou 8,5% entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, saindo de 680 para 738 unidades.

Alguns dos modelos mais desejados pelos brasileiros são o Phenom 300 da Embraer, que custa mais de US$ 7 milhões (R$ 32,4 milhões) e os turboélices da família King Air, na faixa de US$ 7,5 milhões (37,1 milhões).

Folhapress