Foto: Cedida

A servidora pública Tânia Maruska Petersen, 51 anos, passou por momentos de constrangimento na manhã desta quinta-feira (11), na Secretaria Municipal de Educação. Ela foi impedida de entrar no prédio público por não estar usando roupas “adequadas” para o local. Tânia é professora da rede municipal de ensino, na Escola Municipal Zuleide Fernandes, no bairro do Pajuçara, em Natal, onde é presidente do Conselho Escolar, e estava indo na SME fazer uma prestação de conta. Ela também é do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas).

Ela achou estranho quando, ao dizer para qual setor iria, a recepcionista pediu para que ela esperasse, pois teria sido chamado o sr. Josias, chefe de Patrimônio, para avaliar se a roupa de Tânia estava adequada para entrar na secretaria.

Ela conta que, passados uns 20 minutos, Josias a aborda na frente de todas as pessoas que estavam na recepção e nega o acesso ao local, alegando irregularidades na vestimenta da professora, olhando Tânia de cima a baixo, criminalizando sua minha roupa e dizendo que estava inadequada, citando uma a existência de uma portaria, segundo a professora, que questionou quais os critérios da inadequação.

O chefe de Patrimônio teria dito então que Tânia é uma educadora e que a roupa não era adequada para profissional da área de educação e que não poderia entrar no prédio. Você deve estar se perguntando que roupa afinal era essa? Um vestido verde, de mangas compridas e saia na altura dos joelhos.

“Ele se alterou porque eu questionei. E eu achei aquilo surreal e disse que já tinha ido com aquela mesma roupa para uma audiência com um juiz, também ao Ministério Público, e nunca foi questionada ou barrada. E ele duvidou. Foi extremamente constrangedor”, desabafa a educadora.

Tânia relata que Josias ainda ligou para a diretora do setor que ela iria para checar se era realmente verdade. Depois, como em um ato de benevolência, permitiu-se “ao favor” de chamar o servidor do setor para que ela assinasse os três calhamaços de documentos na portaria mesmo, em pé.

Indignada e abalada, a professora pediu para o marido ir buscá-la, e foi esperá-lo na calçada, no que foi seguida pelo rapaz. “Eu fiquei muito nervosa, extremamente humilhada, constrangida. Eu até agora estou sem acreditar que em pleno século 21, depois de tantas conquistas das mulheres, você ser julgada e criminalizada pela roupa que está usando. Nós vivemos numa sociedade patriarcal, machista, misógina. Eu queria saber se fosse um homem ele teria feito o que fez comigo.”

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