O casal de ex-prefeitos Robério e Cláudia Oliveira foi preso pela PF Foto: Reprodução/Redes sociais

Preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (15), sob acusação de fraude em licitações, o casal de ex-prefeitos José Robério Oliveira e Cláudia Oliveira foi filmado enquanto debochava sobre desvio de verbas. Robério administrou o município de Eunápolis e Cláudia foi gestora em Porto Seguro, ambos na Bahia. Os dois são filiados ao Partido Social Democrático (PSD).O vídeo foi gravado em 2012 quando Cláudia era deputada estadual e disputava a prefeitura de Porto Seguro. As imagens mostram a então candidata com o marido, Robério, que na altura era prefeito da vizinha Eunápolis. Os dois caminhavam em uma região de praia com amigos.

Em dado momento, ao passar por uma pequena ponte de madeira, Claúdia ri e começa a simular um discurso. Ainda que em tom de brincadeira, ela fala em desviar verbas de emendas parlamentares ao Orçamento.

— Estou visitando aqui meu povo, povo da periferia. Eu colocarei emendas, farei projeto para uma ponte que vai beneficiar aqui toda a comunidade. Uma ponte onde serão investidos dois bilhões. Um bilhão eu fico — diz, em meio a risadas.

Em seguida, Robério alerta que está com a câmera ligada.

— Ó rapaz, tá gravado, viu? Tá gravado tudo aqui. Tá tudo gravado e eu vou botar na Globo. Nessas coisas que sai…

Robério ainda chama uma suposta assessora que acompanha o grupo e pergunta se ela concorda. Ela, também em meio a gargalhadas, complementa:

— Eu tô de acordo. Eu concordo. Dois bilhões para investir, um bilhão para ficar.

Robério e Cláudia foram presos na segunda fase da Operação Fraternos, que investiga fraudes milionárias em dezenas de licitações realizadas pelas prefeituras entre os anos de 2008 e 2017.

A investigação também apura crimes cometidos pela gestão de Agnelo da Silva Santos (PSD), irmão de Cláudia, na prefeitura de Santa Cruz Cabrália (BA). Agnelo foi afastado do cargo por 180 dias.


“No curso da investigação ficou comprovado que o grupo se instalou inicialmente na Prefeitura de Eunápolis, expandindo-se nos anos seguintes para as prefeituras de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro. Para fraudar as concorrências públicas, o grupo criou mais de uma dezena de empresas de fachada em nome de parentes e simulou a disputa entre elas em mais de 60 licitações”, informou a PF.

A Polícia Federal, por meio de nota, acrescentou que a investigação também identificou a participação de vereadores de um dos municípios. Os investigados devem responder pelos crimes de corrupção passiva, peculato, organização criminosa, fraude a licitações e lavagem de capitais.

O Globo