Foto: Reuters/Sebastian Castañeda/Pool

O Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, na sigla em espanhol) divulgou na madrugada desta segunda-feira (7) mais uma parcial das eleições presidenciais do Peru. Com 72,57% dos votos apurados, a candidata da direita, Keiko Fujimori, lidera com 52,31% dos votos até o momento, contra 47,68% de Pedro Castillo, da esquerda.Mais cedo, pesquisa de boca de urna feita pelo instituto Ipsos indicou vitória muito apertada de Fujimori. Ela obteria 50,3% dos votos válidos, e Castillo, 49,7%.

Embora Keiko se coloque como representante da democracia e prometa respeito à Constituição, o sobrenome Fujimori faz com que ela tenha muita rejeição — sobretudo porque ela ainda elogia o pai, Alberto Fujimori, que governou o Peru em um regime autoritário na década de 1990 e está preso por desrespeito aos direitos humanos. Ela mesma admitiu que prefere que o país viva uma “demodura”, o que chamou de “mistura de democracia e ‘mãos duras'” em relação ao crime.

Além disso, a herdeira do fujimorismo ficou presa entre 2018 e 2020, com intervalos em liberdade, por acusações de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht, em um escândalo de corrupção que atingiu políticos de diferentes partidos e grupos.

Keiko ficou muito perto de não se classificar para o segundo turno, após uma primeira votação bastante fragmentada. No campo da direita, os votos ficaram divididos principalmente entre ela e os candidatos Rafael López Aliaga e Hernando de Soto.

Com o segundo turno definido entre ela e Pedro Castillo, Keiko afiou o discurso contra o temor de que o Peru caísse em um governo de extrema esquerda próximo de regimes autoritários como a Venezuela. Esse posicionamento tem muito eco nas cidades mais ricas, principalmente a capital Lima.

Keiko inclusive conseguiu apoio do escritor Mario Vargas Llosa, que concorreu contra Alberto Fujimori em 1990 e representava um dos maiores nomes da oposição ao fujimorismo. O vencedor do Nobel de Literatura defendia que uma vitória da direitista seria a chance de o Peru permanecer um país democrático, citando o que classificou como risco de arroubos autoritários as propostas de Castillo.

Por: G1