Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Um grupo de associações médicas divulgou nota nesta terça-feira defendendo que medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a cloroquina e a ivermectina, devem ter sua utilização “banida”. Os remédios citados no texto são defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro. As sociedades também defendem o isolamento social e pedem medidas para acelerar a compra do chamado “kit intubação”.

A manifestação ocorreu em um boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19, organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB), e conta com o apoio de sociedades especializadas e de associações locais dos estados.

As entidades ressaltam no texto que, na última semana, o Brasil representou 25% das mortes registradas em todo o mundo por Covid-19 e que em breve o país ultrapassará a marca de 300 mil óbitos causados pela doença.

O objetivo do boletim é esclarecer condutas dos médicos, orientar pacientes e “conclamar as autoridades responsáveis à urgente resolução de casos que exclusivamente delas dependem”.

“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz um dos trechos do documento.

Em relação ao “kit intubação”, as organizações afirmam que “são urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial” e que “na ausência destes fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas”.

O boletim também defende que “o isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso para conter a propagação viral”. De acordo com as entidades, “todos, sem exceção, temos de seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19, identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos”.

No último dia 4, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma nota onde defendeu que medidas restritivas locais têm chances de “reduzir momentaneamente a pressão sobre o sistema de saúde, como tentativa de evitar o colapso”, mas que podem também gerar “consequências graves de efeito duradouro para a sociedade, como o fechamento de empresas, desemprego e surgimento de doenças mentais em adultos e crianças”.

O texto disse ainda que a adoção dessas medidas deviam “ser precedida de análise criteriosa de indicadores epidemiológicos, capacidade da rede de atendimento e impactos sociais e econômicos, devendo ser de curta duração e considerar as realidades específicas”. O CFM também destacou o uso de máscara, a higienização frequente das mãos, o distanciamento social e a proteção de olhos e mucosas e os cuidados com os grupos vulneráveis, como forma de proteger a vida, além de pedir a vacina a “todos os brasileiros, no menor espaço de tempo”.

Na nota desta terça-feira, as organizações também fazem “votos especiais” ao cardiologista Marcelo Queiroga, indicado para assumir o Ministério da Saúde, mas que ainda não tomou posse.

O texto diz que “os brasileiros almejam que vossa gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da ciência; que seja um exemplo de independência na implantação de políticas/medidas consistentes e necessárias à resolubilidade e qualidade do sistema; de conduta ética; de compromisso com a melhor Medicina; e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos”.

O Globo