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Circula pelas redes sociais a informação de que a atriz Maria Flor, por meio da produtora Fina Flor Filmes, da qual é sócia, recebeu mais de R$ 10 milhões para a realização de projetos culturais via Lei Rouanet entre 2013 e 2018. A informação é falsa.
Segundo registros do portal Versalic, que reúne todos os projetos inscritos e/ou selecionados para captação de recursos via Lei Rouanet, nem a atriz nem a produtora receberam recursos por este mecanismo.

O portal registra um pedido feito pela produtora Fina Flor Filmes para a realização de um documentário de título “Botequim”. O projeto foi submetido em 2015, mas não houve captação de recursos.

Há ainda um pedido feito pela própria atriz, Maria Flor Leite Calaça, para a realização da peça de teatro “Pata”. O projeto, submetido no ano de 2009, solicitou R$ 401.130, mas também não houve captação de recursos.

Maria Flor passou a ser alvo de mensagens falsas após ter divulgado um vídeo com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em janeiro. Algumas das mensagens atribuem o protesto da atriz ao fim de recebimento de pagamentos via leis de incentivo.

A Fina Flor, porém, conseguiu financiamento para cinco projetos por outro mecanismo: a Lei do Audiovisual. De acordo com dados do portal da Ancine (Agência Nacional do Cinema), os cinco projetos captaram R$ 924 mil somados. O valor, no entanto, é menos de 10% do que circula nas mensagens falsas.

Os recursos para quatro deles foram conseguidos entre 2014 e 2019. E um deles, aprovado em 2018, ainda pode levantar recursos até dezembro de 2021. Outros três projetos solicitados pela produtora foram cancelados pela Ancine.

Isso não significa que a produtora tenha conseguido dinheiro do governo ou da Ancine. Os recursos captados via Lei do Audiovisual são de empresas privadas, que deduzem o valor investido de seu Imposto de Renda. Os valores não podem passar de 4% do IR para pessoa jurídica e de 6% para pessoa física.

Algumas publicações no Twitter mostram prints com projetos da Fina Flor e valores como se fossem “aprovados”. No entanto, os referidos valores são apenas o teto permitido para captação de cada projeto e não o montante, de fato, captado.

Ao G1, a atriz refuta totalmente o conteúdo das mensagens. “É lamentável que esse tipo de desinformação circule e confunda as pessoas em relação às leis de incentivo. As leis de incentivo à cultura e a Lei de Audiovisual são imprescindíveis para a produção de cultura no Brasil. É o mecanismo que temos para realizar filmes, peças, shows e tantas outras atividades culturais que movimentam a economia e geram empregos diretos e indiretos.”

O Globo