Pesquisadores do Reino Unido fortaleceram tese de que pessimismo ligado a depressão e ansiedade favorece o mal de Alzheimer. Foto: Reprodução/Pixabay

Quem não quer ser feliz? À medida que as pesquisas sobre nossa misteriosa massa cinzenta continuam a avançar, os cientistas estão cada vez mais próximos de compreender o que cria um cérebro calmo, contente e feliz. Responda a essas seis perguntas para ver se seu cérebro está programado para ser feliz ou se você precisa praticar a positividade.P: Qual foto é mais atraente para você?

R: Se você escolheu o gatinho ou os filhotes, seu cérebro pode estar programado para ser feliz. Estudos mostram que cérebros felizes respondem mais a coisas felizes do que a coisas neutras ou negativas.

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P: Qual desses itens é essencial para sua felicidade?

R: Nenhum deles. A pesquisadora de felicidade Sonja Lyubomirsky diz que, embora todos eles possam contribuir para o contentamento, eles também fazem parte dos Mitos da Felicidade.

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Ela define esses mitos como “mitos que nos garantem que a felicidade ao longo da vida será alcançada quando atingirmos os marcos de sucesso da vida adulta culturalmente confirmados”. Essa visão restrita da felicidade nos impossibilita de reconhecer o lado positivo de qualquer acontecimento negativo na vida e nos impede de reconhecer o nosso próprio potencial de crescimento”.

P: Que práticas podemos fazer para sermos mais felizes?

R: Todas as opções. Os estudos dizem que escrever várias vezes por semana num diário sobre o que nos deixa gratos, rir e nos cercar de relacionamentos positivos e buscar o lado positivo das coisas sempre que possível são ótimas formas de melhorar o humor.

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P: Em qual idade temos mais probabilidade de sermos felizes?

R: Na velhice. Apesar da maioria das pessoas acreditar que a felicidade diminui com a idade, os estudos mostram que isso não é verdade.

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Uma grande pesquisa do Gallup descobriu que pessoas com 85 anos estão mais satisfeitas consigo mesmas do que as com 18, e outro estudo verificou que a felicidade e o prazer diminuem na meia-idade e voltam a aumentar na velhice.

P: Quais destas compras podem nos deixar mais felizes?

R: Jogos em família e viagens. Os estudos mostram que gastar com atividades significativas que nos aproximam da família e dos amigos ou que melhoram a autoconfiança nos deixam mais felizes, tais como compartilhar experiências de viagem, jogar jogos de tabuleiro ou aprender um instrumento musical.

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P: Qual atividade pode treinar seu cérebro para ser feliz?

R: Todas as opções. Os dados do especialista em cérebros felizes Richard Davidson mostram que se uma pessoa se sentar em silêncio e pensar em bondade e compaixão meia hora por dia, seu cérebro vai apresentar alterações perceptíveis em apenas duas semanas.

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Você é um pessimista por natureza, uma pessoa que sempre vê o “copo meio vazio”? Isso não é bom para seu cérebro.

Um novo estudo verificou que o pensamento negativo repetitivo na idade avançada estava ligado ao declínio cognitivo e a maiores depósitos de duas proteínas prejudiciais responsáveis pela doença de Alzheimer.

“Nossa proposta é que o pensamento negativo repetitivo pode ser um novo fator de risco para a demência”, disse a autora principal do estudo, doutora Natalie Marchant, psiquiatra e pesquisadora sênior do departamento de saúde mental da University College de Londres.

Os comportamentos de pensamento negativo, como ficar ruminando sobre o passado e se preocupando com o futuro, foram medidos em mais de 350 pessoas com mais de 55 anos durante um período de dois anos. Cerca de um terço dos participantes também foram submetidos a uma tomografia por emissão de pósitrons (PET) para medir depósitos de beta-amiloide e tau, duas proteínas que causam a doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência.

Os exames demonstraram que as pessoas que passaram mais tempo tendo pensamentos negativos apresentaram um maior aumento de beta-amiloide e tau, uma memória pior e um maior declínio cognitivo em um período de quatro anos, em comparação com pessoas que não eram pessimistas.

O estudo também testou os níveis de ansiedade e depressão e verificou um maior declínio cognitivo em pessoas deprimidas e ansiosas, o que repercute pesquisas anteriores.

No entanto, os depósitos de tau e amiloide não aumentaram em pessoas já deprimidas e ansiosas, levando os pesquisadores a suspeitar que o pensamento negativo repetitivo pode ser a principal razão pela qual a depressão e a ansiedade contribuem para a doença de Alzheimer.

“Em paralelo com outros estudos que ligam a depressão e a ansiedade com o risco para a demência, acreditamos que os padrões crônicos de pensamento negativo durante um longo período de tempo podem aumentar o risco de demência”, disse Marchant.

“Este é o primeiro estudo que mostra uma relação biológica entre o pensamento negativo repetitivo e a doença de Alzheimer, e apresenta um modo mais preciso para os médicos avaliarem o risco e oferecerem intervenções mais personalizadas”, afirmou o neurologista Richard Isaacson, fundador da Clínica de Prevenção de Alzheimer no NYork-Presbyterian and Weill Cornell Medical Center, que não estava envolvido no estudo.

“Muitas pessoas em risco desconhecem o impacto negativo específico da preocupação e da ruminação diretamente no cérebro”, contou Isaacson, que também faz parte do conselho da McKnight Brain Research Foudation, que financia pesquisas para melhor compreender e aliviar o declínio cognitivo relacionado com a idade. “Este estudo é importante e vai mudar a forma como eu trato meus pacientes em risco”.

Mais pesquisas são necessárias

De acordo com Fiona Carragher, que é responsável pela política e investigação na Alzheimer’s Society em Londres, é “importante salientar que isso não quer dizer que um período curto de pensamento negativo vai causar a doença de Alzheimer. Precisamos de mais pesquisas para compreender isso melhor”.

“A maioria das pessoas no estudo já foram identificadas como tendo risco mais alto para a doença de Alzheimer, então teremos que ver se esses resultados se repetem na população em geral”, explicou Fiona, “e se o pensamento negativo repetitivo aumenta o risco da doença de Alzheimer em si”.

Os pesquisadores sugerem que práticas de treinamento mental como a meditação podem ajudar a promover o pensamento positivo reduzindo os pensamentos negativos, e eles pretendem conduzir estudos futuros para testar essa hipótese.

“Nossos pensamentos podem ter um impacto biológico na nossa saúde física, que pode ser positivo ou negativo, disse o doutor Gael Chételat, da Inserm/ Université de Caen-Normandie, também autor do estudo.

“Cuidar da saúde mental é importante, e deve ser uma grande prioridade para a saúde pública, pois não é só importante para a saúde e o bem-estar das pessoas no curto prazo, mas também pode afetar seu eventual risco para a demência”, disse Chételat.

Olhando para o lado bom

Pesquisas anteriores apoiam essa hipótese. Pessoas com uma visão positiva da vida têm mais chances de evitar a morte por qualquer tipo de doença cardiovascular do que pessoas pessimistas, de acordo com um estudo de 2019. Na verdade, quanto mais positiva for a pessoa, maior a proteção contra ataques cardíacos, AVCs e qualquer outra causa de morte.

E não é só o coração que fica protegido por uma visão positiva. Pesquisas anteriores encontraram uma ligação direta entre o otimismo e outros atributos de saúde positivos, como uma dieta mais saudável e uma rotina de exercícios, um sistema imune mais forte e uma melhor função pulmonar, entre outros.

Isso acontece provavelmente porque os otimistas têm melhores hábitos de saúde, disse o cardiologista Alan Rozanski, professor de medicina da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, que estuda os impactos do otimismo na saúde. Eles têm mais probabilidade de fazer exercícios, de ter melhores dietas e são menos propensos a fumar.

“Os otimistas também tendem a ter melhores capacidades de resposta e são melhores solucionadores de problemas”, disse Rozanski à CNN numa entrevista anterior. “São melhores no que chamamos de enfrentamento proativo, ou em antecipar problemas e dar passos proativos para corrigi-los”.

Treine para ser um otimista

É possível saber se você vê o copo meio cheio ou meio vazio respondendo uma série de afirmações chamada “teste de orientação de vida”.

O teste inclui afirmações como: “Eu acredito na ideia de que tudo sempre tem um lado bom”, e “Se algo pode dar errado para mim, certamente vai dar”. Você deve avaliar as afirmações em uma escala que vai de concordo plenamente a discordo totalmente, e os resultados são somados para definir seu nível de otimismo ou pessimismo.

Pesquisas anteriores demonstraram que é possível “treinar o cérebro” para ser mais otimista, da mesma forma que treinamos um músculo. Usando medidas diretas de estrutura e função cerebral, um estudo verificou que apenas 30 minutos de meditação por dia durante duas semanas produziu uma mudança mensurável no cérebro.

Uma das maneiras mais eficazes de aumentar o otimismo, de acordo com uma meta-análise de estudos existentes, é chamada de método “Meu Melhor Eu”, em que você imagina ou escreve em um diário sobre si mesmo em um futuro em que você alcançou todos os seus objetivos de vida e todos os seus problemas foram resolvidos.

Outra técnica é praticar a gratidão. Somente alguns minutos por dia escrevendo sobre o que o deixa grato pode melhorar sua visão da vida. E enquanto estiver fazendo isso, aproveite para listar as experiências positivas que teve naquele dia, o que também pode aumentar seu otimismo.

“E, por fim, sabemos que terapias cognitivo-comportamentais são tratamentos muito eficazes para a depressão; o pessimismo caminha em direção à depressão”, comentou Rozanski.

“Você pode aplicar os mesmos princípios que utilizamos para a depressão, como ressignificação ou reframing. Você ensina que existe uma forma alternativa de pensar ou de ressignificar pensamentos negativos, e com isso você pode ter grandes avanços com um pessimista”.

CNN Brasil